domingo, 31 de dezembro de 2006

FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO

Agora que o ano se vai...
Damos adeus...e acabou;
Esperamos agora o novo.
Usar o que Jesus ensinou;
Sabedoria de Deus Pai.

Ano após ano buscamos
Na vida o que é melhor;
O que tanto procuramos...

Vivemos na Santa Paz
Enquanto outros na guerra
Lamentam seus mortos
Hoje, o viver sagaz
Obscuro cais dos portos.

Façamos então um começo
Entre o passado e o futuro
Levantemos a espada sagrada
Incluindo o amor perduro
Zingrado de alma lavada.

Agora, que todos os povos se unam
Numa só corrente de prosperidade
Onicentes, para que além não sucumbam

Norteiem e distribuam a verdade
Ouvindo sempre o vosso coração
Vasculhem as gavetas da alma
Ostentem a razão e a emoção.

FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO !!!

Autora: Anna Müller

sábado, 30 de dezembro de 2006

Natal...

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Autor: Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Poema de Natal

Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na minha pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.

Autor: Vitorino Nemésio

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Mas não nos detenhamos. Nunca!

Não podemos esquecer que a pele se enruga,
o cabelo embranquece,
os dias se convertem em anos...
mas o que é importantenão muda.
A nossa convicção e força interior
não têm idade.
Atrás de cada linha de chegada,
há uma de partida.
Atrás de cada conquista,
há um novo desafio.
Enquanto estivermos vivos,
façamos por estar vivos.
Se sentimos saudades do que faziamos,
porque não voltar a fazer?
Não se deve viver de fotografias amareladas.
Quando todos esperam pela nossa desistência,
continuamos.
Não vamos deixar que enferruje
o ferro que existe em nós.
Quando não conseguirmos correr atrás dos anos,
marchamos.
Quando não conseguirmos marchar,
caminhamos.
Quando não conseguirmos caminhar,
usamos uma bengala.
Mas não nos detenhamos.
Nunca!

Madre Teresa de Calcutá

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Natal à beira rio

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

Autor: David Mourão-Ferreira

domingo, 24 de dezembro de 2006

Bom Natal

Para todos os companheiros e companheiros da Blogosfera,
para os leitores habituais,
para os visitantes de outros continentes enfim,
para todos os visitantes do "Rocha de Relva",
os meus votos de Bom Natal,
com muita paz, amor, esperança e alegria.
Quanto ao Novo Ano, ficam os votos para mais tarde,
para depois dos sonhos, das prendas,
do bolo-rei e das rabanadas.
Para todos um Natal de acordo com a mensagem do Presépio.

sábado, 23 de dezembro de 2006

História Antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Autor: Miguel Torga

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Fala-me de amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Autora: Natália Correia

domingo, 3 de dezembro de 2006

Urgentemente...

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

Autor: Eugénio de Andrade
Foto cedida por: J.P.Medeiros