quarta-feira, 30 de abril de 2008

Tu que te esqueceste de ti?

Adormece o teu corpo com a música da vida.
Encanta-te.
Esquece-te.
Tem por volúpia a dispersão.
Não queiras ser tu.
Quer ser a alma infinita de tudo.
Troca o teu curto sonho humano
Pelo sonho imortal.
O único.
Vence a miséria de ter medo.
Troca te pelo Desconhecido.
Não vês, então, que ele é maior?
Não vês que ele não tem fim?
Não vês que ele és tu mesmo?
Tu que andas esquecido de ti?

Autora: Cecília Meireles in "Cânticos IV"

terça-feira, 15 de abril de 2008

O Verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, tranformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e depertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Autor: Vinicius de Moraes

domingo, 13 de abril de 2008

As palavras

São como um cristal, as palavras.
Algumas, um punhal, um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,leves.
Tecidas são de luzes, são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe,
assim,
cruéis,
desfeitas,
nas suas conchas puras?

Autor: Eugénio de Andrade

segunda-feira, 10 de março de 2008

Segundo Aniversário

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