domingo, 28 de junho de 2009

Ser-se Mar

Dá-me, oh mar
Essa harmonia
Ser diferente em cada dia
Ser abismo
Ser profundo
Ter a cisma de ser mundo
E ser só onda afinal

Oh mar
O quanto eu daria
Para beijar por um dia
Espraiar-me no areal
Feito de conchas e lemes
De sonhos e caravelas
Das praias de Portugal

Sei-te, oh mar
Verde profundo
Espuma em fúria das ondas
Que talha doce perfume
Nas falésias
Nas arribas
Tal um perfume de frésias
Ou grito de marés vivas
Nesta praia ocidental

Quero, oh mar
Que me dês vida
Que me dês doce guarida
Nesse mel sabendo a sal

Vem, oh mar
Cobre-me de água
Lava de mim esta mágoa
Que já me tolhe os sentidos

Vem, oh mar
Faz de mim mar
Dá-me um outro navegar
Nestes caminhos perdidos

Vem, oh mar
Porque a ti venho
Neste empenho de cumprir
Destinos de Portugal

Vem, oh mar
Traz-me as areias
As quimeras e as sereias
Desta praia acidental.

Autor: Jorge Castro
04 de Abril de 2004

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Azul

E o azul era tanto que se via
em horizontes que nem tão azuis havia
breves ondas
azuis vagas
cuidadosas
a beijarem desse azul a praia fria
e só por ti azul se faz a brisa breve
que ao de leve tua face acaricia
e te afaga tão azul
íntima
entregue
os cabelos nesse azul que entardecia.

Autor: Jorge Castro - 30 de Junho de 2003