domingo, 13 de abril de 2008

As palavras

São como um cristal, as palavras.
Algumas, um punhal, um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,leves.
Tecidas são de luzes, são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe,
assim,
cruéis,
desfeitas,
nas suas conchas puras?

Autor: Eugénio de Andrade

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