sexta-feira, 19 de maio de 2006

Melancolia


Entrei no claustro: a fonte, como dantes,
Na bacia de mármore cantava
- Mas um vasto silêncio amortalhava
O triste casarão sem habitantes.

Irrompia do solo, vicejantes,
Flores silvestres, musgos, erva brava.
Esse convento morto transportava
Meu espírito a épocas distantes.

“Bons monges, acordai!”, com voz plangente
Exclamo então no claustro adormecido,
Que os séculos ungiam de tristeza.

Porém o meu apelo veemente
Só responde, num salmo dorido,
A aflita voz do vento que ali reza…

Autor: Roberto de Mesquita
(sob o pseudónimo de Diatribe, em 1922)



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