segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Natal à beira rio

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

Autor: David Mourão-Ferreira

3 comentários:

Vica disse...

Olá, obrigada pelos votos de boas festas! Te desejo um maravilhoso 2007! Sorte, saúde e muito sucesso!

Aprendiz de Viajante disse...

Tudo o que este senhor escreveu foi fabuloso!


Um bjo e bom regresso ao trabalho.

mariabesuga disse...

Aqui, assim, Apeteço-te Felizes todos os dias, que não só estes em que todos transpiram a euforia que no resto do ano retraem dentro de si próprios.
É preciso construir os dias na Esperança de que a Luz faça o caminho para a Felicidade.

Um beijo